Em 8 de abril de 2025, a Federação Internacional de Diabetes (IDF) anunciou uma nova classificação que marca um avanço importante na compreensão global da doença: o diabetes tipo 5, anteriormente conhecido como “diabetes relacionado à desnutrição”.
Essa atualização traz mais visibilidade a uma condição que atinge, principalmente, adolescentes e jovens adultos magros e desnutridos em países de baixa e média renda — incluindo o Brasil.
Mas, afinal, o que é o diabetes tipo 5?
O novo tipo classificado pela IDF ocorre em pessoas com histórico de desnutrição crônica, especialmente durante a infância e adolescência. Essa privação nutricional prolongada compromete a produção de insulina no pâncreas, levando ao desenvolvimento do diabetes.
Sintomas
Os sintomas do diabetes tipo 5 são similares aos de outras formas da doença, incluindo: Sede excessiva, perda de peso inexplicada, fadiga, aumento na frequência urinária, fraqueza muscular e infecções recorrentes.
No entanto, por atingir pessoas já em situação de fragilidade nutricional, os sintomas podem ser mascarados por outras queixas clínicas relacionadas à própria desnutrição.
Fatores de risco
- Histórico de desnutrição severa na infância ou adolescência
- Acesso precário a alimentos e cuidados de saúde
- Baixo peso corporal (IMC muito reduzido)
- Moradia em regiões com alta vulnerabilidade social
A maioria dos casos está concentrada em regiões da África, Sul da Ásia e América Latina — locais onde a pobreza e a insegurança alimentar são prevalentes.
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico do diabetes tipo 5 ainda representa um desafio para os profissionais de saúde. Exames laboratoriais são importantes, mas muitas vezes não mostram a mesma resposta autoimune do tipo 1, nem o padrão de resistência à insulina típico do tipo 2.
O tratamento, por sua vez, depende do grau de comprometimento da produção de insulina. Pode incluir a administração de insulina, suporte nutricional rigoroso e acompanhamento clínico constante. Em muitos casos, o foco inicial deve ser a reabilitação nutricional, antes mesmo do controle glicêmico completo.
Além disso, é fundamental que o tratamento seja individualizado, respeitando a realidade socioeconômica do paciente e com apoio de uma equipe multiprofissional, incluindo nutricionista e assistente social.
Por que essa nova classificação é tão importante?
Reconhecer oficialmente o diabetes tipo 5 é um passo crucial para que políticas públicas de saúde possam ser melhor direcionadas às populações mais vulneráveis. O diagnóstico correto e o tratamento adequado são formas concretas de reduzir desigualdades e melhorar a qualidade de vida de milhares de pessoas afetadas por essa condição pouco falada.
O diabetes tipo 5 nos lembra que a saúde está profundamente conectada à nutrição, à educação e ao acesso a cuidados básicos. Olhar para essa nova classificação é olhar para os desafios invisíveis que ainda persistem em muitas regiões do mundo.
Dra. Mariana Ramos é médica endocrinologista na Fetal Care, em Cuiabá (MT)