A agropecuária brasileira é constantemente acusada de ser uma das principais emissoras de GEE, somando 30% do total.
É comum, no cálculo da pegada do carbono do agro, serem citadas somente as emissões brutas, ignorando as inovações tecnológicas que reduzem e sequestram carbono.
Na agricultura, temos o Plantio Direto (PD) como principal destaque. Praticado em quase todo plantio de grãos e fibras do Mato Grosso e do Brasil, tornou-se uma das maiores contribuições brasileiras para a sustentabilidade ambiental da agricultura tropical do planeta.
Destacaremos abaixo algumas vantagens econômicas e ambientais desta fantástica tecnologia:
Redução de 60% do consumo de diesel pela eliminação das operações de preparo do solo, resultando numa menor compactação e economia de maquinário.
A palhada, picada e distribuída uniformemente nas sucessivas colheitas, protege o solo dos raios solares, reduz sua temperatura superficial, adequando sua ambiência para a proliferação de macro e microorganismos benéficos, aumentando a porosidade e capacidade de infiltração das águas pluviais.
Como consequência, teremos uma maior resiliência às mudanças climáticas, pelo aumento das reservas de água e redução da velocidade da evaporação, ampliando a janela para o plantio da safrinha.
A palhada aumenta sucessivamente a matéria orgânica do solo com incremento da sua carbonização e consequente mitigação das emissões de gases de efeito estufa.
Todas essas vantagens, segundo a EMBRAPA, promovem um aumento médio de 20% da produtividade, num comparativo com o plantio tradicional.
Um dos principais benefícios do PD é a conservação do solo. Complementado com terraços de base larga, praticamente eliminou problemas de erosão.
Além do PD, temos outros temas importantes para apresentar e debater na COP-30.
O Painel do Clima desconsidera que o metano bovino permanece ativo na atmosfera somente por 10/12 anos.
Insiste em utilizar o índice GWP-100, que considera o metano ativo por cem anos. Desconsidera também que o carbono bovino já estava na atmosfera, não havendo acréscimo líquido de carbono. O IPCC está igualando o carbono fóssil ao biogênico.
Ignoram no cálculo as reduções e sequestros promovidos por tecnologias já em largo uso na pecuária, como confinamentos, reforma de pastagens, uso de ionóforos, avanços genéticos e as recentes tecnologias de integração pecuária/floresta e lavoura/pecuária.
Todas elas nos conduzem para a produção de carcaças mais pesadas em menos tempo, reduzindo em muito as emissões por quilograma de carne produzida.
A pecuária requer e exige métricas justas.
Incluir na conta do agro os desmatamentos ilegais também não está correto, crimes ambientais são falhas de governança e não de produtores que cumprem a lei.
Também não consideram o sequestro de CO₂ pelos reflorestamentos com eucalipto e pinus para produção de biomassa e celulose, que já somam 10 milhões de hectares.
Se fossem consideradas todas essas atividades: plantio direto, metano bovino, desmatamentos ilegais, reflorestamento e integrações, a conta do balanço do carbono do agro do Brasil seria bem diferente.
Entidades governamentais e associações do agro deveriam se mobilizar para esclarecer essas pendências na COP-30.
Questionar é o motor da ciência, seja para refinar métodos, derrubar mitos ou reafirmar convicções.
Somos uma potência agro-ambiental e referência mundial em agropecuária tropical.
Já está passado da hora de acabar de vez essa narrativa de que o agro brasileiro é ambientalmente predatório.
Arno Schneider é engenheiro Agrônomo e pecuarista é diretor ACRIMAT