CASO RENATO NERY

Derrota judicial envolvendo terras de R$ 30 milhões motivaram assassinato, diz MP

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Derrota judicial envolvendo terras de R$ 30 milhões motivaram assassinato, diz MP
Casal foi indiciado como autores intelectuais e mandantes do crime

Conteúdo/ODOC - O Ministério Público de Mato Grosso apresentou nova denúncia no caso do assassinato do advogado Renato Nery, morto a tiros em julho deste ano em frente ao próprio escritório, em Cuiabá. Agora, a empresária Julinere Goulart Bentos e seu companheiro, Cesar Jorge Sechi, foram formalmente acusados de serem os autores intelectuais do crime, que teria sido motivado por vingança após uma derrota judicial envolvendo terras avaliadas em mais de R$ 30 milhões.

Segundo os promotores Élide Manzini de Campos, Rinaldo Segundo e Vinicius Gahyva Martins, o casal articulou todo o plano que levou à execução de Nery. A peça apresentada à Justiça aponta que Julinere teria declarado, ainda durante as investigações, que “ele não ia viver para gastar o que tomou de mim”, em referência à disputa judicial encerrada com decisão favorável ao advogado. Ela chegou a confessar, de forma informal ao delegado do caso, que estava por trás do homicídio.

 O crime teria sido articulado por Julinere e Cesar com o auxílio do policial militar Jackson Pereira Barbosa, vizinho do casal em Primavera do Leste. Jackson, por sua vez, contratou outros dois policiais: Heron Teixeira, agente da Rotam, e Alex Roberto Queiroz Silva, responsável por atirar contra a vítima no dia 5 de julho, quando Nery chegava ao escritório na Avenida Fernando Corrêa da Costa.

Durante a investigação, o Ministério Público identificou um bilhete entregue na portaria do condomínio onde Cesar morava. O envelope, com a inscrição “aos cuidados de Cesar Jorge Sechi”, continha uma cobrança de R$ 200 mil feita por Jackson, exigindo o pagamento pela contratação dos executores. O valor, segundo a denúncia, seria transferido via Pix, o que, segundo os promotores, comprova o envolvimento direto do casal na articulação financeira do crime.

O assassinato, segundo os investigadores, foi resultado de mais de duas décadas de litígio envolvendo 800 hectares de terra em Novo São Joaqu Julinere e Cesar teriam decidido planejar a morte do advogado por vingança, inconformados com a perda da propriedade rural. Segundo os promotores, a motivação do casal é classificada como torpe, fruto de ressentimento e desejo de retaliação, sem qualquer justificativa razoável.

Além da motivação considerada mesquinha, o Ministério Público destaca que o crime foi cometido em plena luz do dia, em via pública e durante o horário comercial, colocando em risco a vida de terceiros. A denúncia também aponta que a vítima foi surpreendida de forma covarde, sem chance de defesa.

As investigações ainda revelaram que a arma usada na execução foi obtida com o apoio de outros policiais militares, que ajudaram a forjar um falso confronto posterior, com o objetivo de encobrir a origem da arma e atrapalhar as apurações. O caso segue com desdobramentos em torno do envolvimento desses agentes na tentativa de obstrução da Justiça.

Com os novos elementos, o casal foi denunciado por homicídio qualificado — por motivo torpe, meio que resultou em perigo comum e recurso que dificultou a defesa da vítima. Julinere e Cesar permanecem presos preventivamente enquanto aguardam o andamento do processo judicial.