A participação da juventude na defesa da ecologia integral através de ações sociotransformadoras e da Mobilização profética é fundamental para salvarmos o planeta.
Esta participação contribui significativamente para o fortalecimento da ecologia integral através de ações que vão desde a conscientização e educação ambiental/ecológica libertadora, passando por práticas sustentáveis no dia a dia e engajamento em projetos e movimentos que defendem a natureza e a justiça social, a justiça climática, os direitos da natureza e, claro, a justiça inter-geracional, que, diretamente afeta as futuras gerações
Foi nesta perspectiva que no Domingo de Ramos de 1986 que foi realizada a primeira Jornada Mundial da Juventude, convocada pelo então Papa João Paulo II (hoje, São João Paulo II) e teve como tema "Estejam sempre preparados para responder a qualquer que lhes pedir a razão da esperança que há em vocês".
Coube ao Papa Francisco ao dirigir-se aos jovens nas últimas jornadas da juventude inserir as preocupações com a ecologia integral e com outras pautas conexas como a Economia de Francisco e Clara, a economia da vida, na pauta desses grandes eventos da Igreja com a juventude.
De forma semelhante, a CNBB para estimular a participação da juventude na Campanha da Fraternidade de 2025, que tem como tema a ecologia integral, além do texto-base, elaborou também diversos subsídios que ajudam na preparação de adolescentes e jovens nesta Campanha.
Vale a pena registrar nesta oportunidade alguns desses subsídios: a) CF (Campanha da Fraternidade) na Escola – Ensino fundamental 6º a 9º ano; b) CF na Escola Ensino médio; c) CF na Universidade; d) Jovens na CF; e) CF na catequese com adolescentes e os passos do Senhor; f) Economia de Francisco e Clara e a Ecologia Integral.
Não será por falta de material ou de valiosos subsídios que a juventude continuará ausente da caminhada tanto desta Campanha da Fraternidade quanto longe das preocupações, ações e mobilizações que nós, cristãos católicos, devemos estar inseridos, além das constantes convocações e exortações quanto a este papel que toca diretamente a vida das futuras gerações e da juventude atualmente.
Eis aí um exemplo que as Igrejas locais poderiam estar seguindo, no sentido de engajar a juventude nesta caminhada em prol da ecologia integral. Que a Pastoral da Juventude ou Juvenil inclua cada vez mais a ECOLOGIA INTEGRAL em suas ações, para que as mesmas possam ser sociotransformadoras e também promoverem muitas mobilizações proféticas, em prol da Casa Comum.
A cada dia a CRISE CLIMÁTICA está se tornando mais grave e mais urgente, com impactos cada vez mais devastadores e, com toda a certeza se não mudarmos os estilos de vida , os sistemas produtivos, substituir, como diz o Papa Francisco, a economia da morte por uma economia da vida, com certeza estaremos abreviando todos os tipos de vida no planeta, inclusive ou, principalmente, a vida humana.
Diante disso, cabe `a Igreja liderar este processo transformador, seguindo as orientações e exortações do Papa Francisco.
A Pastoral da Ecologia Integral ou do meio ambiente como existem em diversas Arquidioceses, Dioceses, Paróquias e Comunidade realiza um trabalho integrado com outros setores da Igreja e fora da Igreja, mas ainda é preciso avançar de uma maneira mais rápida, diante da velocidade da degradação ecológica ante nossos olhos.
Por isso, além da Pastoral da Ecologia Integral, também a Pastoral da Juventude ou Juvenil, as demais pastorais (todas) , os movimentos, os coletivos e as organizações da Igreja precisam incluir as questões e desafios ecológicos, socioambientais, principalmente a CRISE CLIMÁTICA em suas ações, nos planejamentos paroquiais, diocesanos, arquidiocesanos, nas escolas católicas, na CATEQUESE e também nas Congregações religiosas (masculinas e femininas).
Como cristãos e católicos não podemos ignorar as exortações, o chamamento e as convocações do Papa Francisco, principalmente nas Encíclicas Laudato Si, Fratelli Tutti e também nas Exortações Apostólicas Querida Amazônia e Laudate Deum.
Vejam, enquanto estamos um tanto ausentes e até mesmo omissos e omissas em relação a esses problemas ecológicos ou seja, estamos diante de uma destruição acelerada dos biomas, ecossistemas, mananciais, todas as bacias hidrográficas, aumento da poluição urbana e rural, onde o ar em inúmeras cidades e regiões tem se tornado irrespirável durante meses, em que os agrotóxicos estão contaminando, envenenando as águas, os solos, o próprio ar; nossos alimentos e nossa saúde, enquanto os plásticos estão transformando o planeta em uma grande lixeira, enquanto o desmatamento e as queimadas continuam todos os anos, enquanto as chuvas torrenciais, as secas devastadoras estão produzindo “desastres anunciados”, enquanto as ondas de calor aumentam a cada ano e as chuvas estão se tornando escassas, a gente finge que está tudo bem e que o futuro é promissor, Ledo Engano.
Precisamos acordar, e este despertar é também a mensagem central da Campanha da Fraternidade de 2025, com o tema Fraternidade e Ecologia Integral, lembrando que na origem da criação, “Deus viu que tudo era muito bom”, mas que a humanidade, movida pela ganancia, pelo lucro cada vez mais endeusado, pelo consumismo, pelo desperdício, pelo materialismo, continua nesta sanha destruidora.
As futuras gerações irão nos cobrar por esta herança maldita que estamos deixando para quem ainda vai nascer daqui a 20, 30, 50 ou 100 anos, da mesma forma que uma parcela, ainda diminuta das crianças, adolescentes e jovens na atualidade já estão lutando também.
Mas, mesmo em meio a tantas desgraças, destruição ambiental e uma omissão quase que generalizada por todos os setores da sociedade brasileira, ainda existe esperança, não podemos desistir de lutar por um planeta saudável, pelo direitos da natureza, dos pobres, excluídos, das atuais e, principalmente, das futuras gerações.
Que o grito da terra, que também é o grito dos pobres, oprimidos e injustiçados, que o grito das crianças, dos adolescente e jovens, dos povos tradicionais, indígenas e quilombolas, dos cientistas, dos ambientalistas sejam ouvidos tanto pelos nossos governantes, quanto nossos empresários e também por todas as nossas lideranças políticas, sociais e religiosas, a ninguém é dado do direito de continuar alienado/alienada; enfim, omitir-se diante desta realidade.
Vejam o que aconteceu há dois dias, Jovens de inúmeros países estiveram reunidos em Belo Horizonte para refletirem e buscarem os caminhos, as saídas para a CRISE CLIMÁTICA, em preparação para a COP30, que será, como sempre, mais uma vez apenas um palco para dar visibilidade `a luta ambiental e, também por belos discursos de autoridades e lideranças mundiais, mas que, apesar de seus trinta anos de existência tem produzido poucos resultados concretos, basta confrontarmos os índices do aquecimento global e de emissão de gases de efeito estufa com a realidade nessas três décadas, podendo ser considerada, como alguns tem denunciado, uma grande farsa, diante do agravamento da crise climática sem precedentes.
Em Belo Horizonte, no dia 5 de abril de 2025, ocorreu a Cúpula Global da Juventude Climática, um evento que reuniu jovens de 40 países para discutir desafios ambientais e desenvolver habilidades de liderança em ações climáticas, promovendo o conhecimento sobre ciência climática e capacitação.
Detalhes do Evento:
Nome: Cúpula Global da Juventude Climática.
Organização: Global Youth Leadership Center, organização sem fins lucrativos criada em Bangladesh.
Local: Belo Horizonte, Minas Gerais.
Data: 5 de abril de 2025.
Promover o conhecimento sobre ciência climática.
Desenvolver habilidades de liderança em ações climáticas.
Capacitar jovens para atuarem em ações climáticas.
Debater desafios ambientais e encontrar formas de usar a biodiversidade para diminuir os efeitos das mudanças climáticas.
Conteúdo: Palestras, debates e conversas sobre como usar a biodiversidade para diminuir os efeitos das mudanças climáticas.
Participantes: Centenas de jovens de 40 países, tanto presencialmente quanto online.
Ao final do Encontro foi produzido um documento que será levado `a COP30, a ser realizada no mês de novembro deste ano em Belém, Estado do Pará, campeão em desmatamento e queimadas no ano de 2024 no Brasil, sendo que Belém tem apenas 2,38% da população atendida com tratamento de esgoto!.
Cabe, finalmente, indagar: Como está a realidade ecológica/ambiental no âmbito de sua paróquia, sua comunidade, sua cidade, sua Diocese? A Juventude da Igreja Católica está participando ativamente da luta em defesa da ecologia? E se não está, qual a razão? O que podemos fazer para que mais jovens e adolescentes participem na defesa da ecologia integral e estejam mais conscientes quanto ao destino de nossa Casa Comum?.
Juacy da Silva, professor fundador, titular e aposentado da Universidade Federal de Mato Grosso, sociólogo, mestre em sociologia, ambientalista, articulador da Pastoral da Ecologia Integral Região Centro Oeste.
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