CRIMES VIRTUAIS

Criminosos usam dados de processo no Tribunal de Justiça para tentar aplicar golpes em MT

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Criminosos usam dados de processo no Tribunal de Justiça para tentar aplicar golpes em MT
Golpistas acessaram o processo mais de 20 vezes em duas semanas [Foto ilustrativa]

Uma cidadã atendida pela Defensoria Pública do Estado de Mato Grosso (DPEMT), em Sinop, foi vítima de tentativa de golpe por telefone na tarde desta quinta-feira, 14. Os criminosos fizeram uso de informações reais de processo aberto recentemente em nome dela, na Justiça, para tentar obter vantagem financeira. Ao desconfiar do crime e assustada com o volume de informações verídicas sobre sua situação, J. M. N. C., desligou a ligação e procurou orientação do órgão.

A defensora pública que atua no Núcleo da DPEMT em Sinop, Graziele de Miranda, relembra que a Defensoria Pública não cobra qualquer tipo de valor dos cidadãos para prestar serviços e que, ao ser procurada por abordagem dessa natureza, a pessoa atendida pelo órgão deve entrar em contato com os canais oficiais da instituição para denunciar e verificar quais procedimentos devem ser tomados.

“Recebi essa informação no meio da tarde de hoje e orientei que ela faça um registro de ocorrência na Polícia Civil, informando o número do telefone usado, a forma de abordagem e os diálogos mantidos com o golpista para que investiguem. Paralelo a isso, vou oficiar a Polícia Civil, o Ministério Público e a Administração Superior da DPEMT, sobre a situação. Tomei conhecimento que um golpe similar também está sendo aplicado em Cáceres, com o uso do mesmo número”, explicou.  

A defensora conta que a tentativa de estelionato, com os dados da pessoa atendida pela DPEMT, ocorreu 16 dias após ela ajuizar uma ação na Justiça e que do processo só existe informações sobre a primeira audiência de conciliação, marcada para outubro. Porém, com acesso aos dados, os golpistas entraram em contato com J. por telefone e WhatsApp, usando logotipo e nome similar ao da Defensoria Pública e do Superior Tribunal de Justiça (STJ), para afirmar que já havia decisão e valores a serem restituídos à vítima.

“Do dia que ajuizei a ação até a tarde de ontem, quarta-feira, 13, eles fizeram 24 acessos ao processo dela. O primeiro foi feito no dia seguinte, 31 de julho e desde então, entraram duas dezenas de vezes na página para pegar as informações que foram usadas para tentar enganar a nossa assistida”, relata a defensora.

Outra informação preocupante do caso é que, durante o envio de mensagens e ligações telefônicas, o golpista demonstrou conhecer detalhes sobre o valor que a vítima possuía em sua conta bancária e ter informações das transações feitas. Com base nessas informações, tentou intimidar a vítima afirmando que a Receita Federal bloquearia seu dinheiro por sonegação fiscal, caso ela não realizasse procedimentos bancários sob sua orientação.

Golpes em Sorriso - No dia 27 de junho, a DPEMT já havia alertado a população sobre o uso criminoso da identidade visual da instituição em tentativas de golpes contra atendidos do órgão, em Sorriso. Na ocasião, abordaram as vítimas com o envio de mensagens de WhatsApp informando que elas teriam causas ganhas na Justiça e valores superiores a R$ 30 mil para receber. E que para liberar o dinheiro, deveriam antes pagar guias, via Pix. Essas guias seriam em valores que variavam de R$ 1 mil e R$ 2 mil. 

O defensor público que atua naquela comarca, Thiago Morato, informou à época que os golpistas chegaram a usar o nome de uma estagiária e a foto de uma assessora jurídica do órgão, além de anexar imagens do sistema PJe para dar credibilidade à fraude. Após receber as denúncias, ele encaminhou ofício ao delegado da Polícia Judiciária Civil solicitando investigação. 

 A DPEMT reforça que não solicita transferências de valores por telefone ou aplicativos de mensagens e que qualquer contato suspeito deve ser imediatamente interrompido e denunciado à polícia.