Nacional
CPT diz que 36 indígenas e aliados foram ameaçados de morte em 2021

Relatório produzido e divulgado em 18 de abril pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) aponta que trinta e dois líderes indígenas e quatro servidores públicos que trabalham com comunidades indígenas receberam ameaças de morte em 2021.
O relatório foi divulgado dias antes do desaparecimento do servidor da Funai (Fundação Nacional do Índio) Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips no Vale do Javari, no Amazonas.
De acordo com a Univaja (União dos Povos Indígenas do Vale do Javari), principal associação indígena da região, Pereira e indígenas da entidade estavam sendo ameaçados por tentarem impedir invasões ao território por quadrilhas de caçadores, pescadores e garimpeiros.
Ainda segundo o relatório da CTP, o número de ameaças de morte contra indígenas e aliados teve alta de 28% em 2021 em relação ao ano anterior, quando houve 25 casos.
Em 2019, foram 39 ameaças.
Comissão Pastoral da Terra
Relacionada à Igreja Católica, a CPT desenvolve relatórios com dados sobre a violência no campo desde 1985.
Apesar do trabalho de quase 30 anos, nem todos os casos de violência estão incluídos nos índices, já que alguns deles nem chegam à entidade. Não estavam na lista, por exemplo, as ameaças sofridas por indígenas do Vale do Javari.
No último documento divulgado, a organização aponta que 10 indígenas foram assassinados em conflitos por terras em 2021. Em 2020, foram sete.
O relatório foi compartilhado com o Ministério Público e órgãos policiais para a tomada de providências e investigações.
Invasões no Vale do Javari
Baseado em índices de 2020, o último relatório Violência Contra os Povos Indígenas do Brasil, realizado pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi), também vinculado à Igreja, deu grande destaque ao Vale do Javari.
O relatório aponta que, em 2020, houve no país 263 casos de “invasões possessórias, exploração ilegal de recursos naturais e danos diversos ao patrimônio indígena”, alta de 2,7% em relação a 2019.
O Amazonas, onde fica o Vale do Javari, foi o Estado com maior número de ocorrências parecidas: 53.
Só na Terra Indígena Vale do Javari, o relatório do Cimi citou oito casos de invasões por caçadores, pescadores, garimpeiros e missionários, denunciadas a órgãos como a Funai e o Ministério Público Federal (MPF).
Em nota à BBC, o MPF afirmou que há “vários procedimentos de apuração em andamento relacionados a denúncias de invasões no Vale do Javari, muitas tramitando sob sigilo”.
A Funai enviou uma nota, mas não citou as denúncias no Vale do Javari. No texto, a fundação diz que foram investidos quase R$ 10 milhões em ações na região nos últimos três anos. Os valores foram gastos, entre outros pontos, em ações de fiscalização e coibição de ilícitos, segundo a Funai.
Num dos casos citados, a Associação dos Kanamari do Vale do Javari (Akajava) fez uma denúncia ao MPF sobre a presença de caçadores e pescadores ilegais no rio Itaquaí – o mesmo por onde Bruno Pereira e Dom Phillips estavam viajando quando foram vistos pela última vez.
Em outro caso, a Organização das Aldeias Marubo do Rio Ituí (Oami) denunciou à Funai a presença de caçadores e pescadores que “praticam a captura de ovos de tracajás nas praias do rio Ituí”.
De acordo com os indígenas, a invasão do rio ocorreu mesmo com a presença, na época, da Força Nacional de Segurança na Base de Proteção Etnoambiental da Funai no rio Ituí. Isso porque, como eles explicaram, os membros da força “apenas cuidam dos servidores e da estrutura da base, mas não realizam fiscalização ambiental no território”.
Outra denúncia, também apresentada ao MPF, contava com “fotos tiradas pelas lideranças e agentes ambientais indígenas numa expedição de fiscalização realizada por eles entre a boca do rio Negro e a Base de Proteção Etnoambiental Ituí/Itaquaí da Funai”.
As fotos, segundo o relatório, mostravam tracajás apreendidos por caçadores, recipientes de gasolina abandonados pelos invasores, palhas usadas como forro para salgar carne e ossos de animais abatidos.
“As lideranças, no ofício apresentado, manifestam sua preocupação com a ineficiência das ações de fiscalização do governo na área, desenvolvidas por pessoas sem a necessária experiência e conhecimento da região, incapazes de encontrar os invasores e os vestígios por eles deixados”, diz o levantamento.
Segundo o Cimi, os conflitos ligados a direitos territoriais mais do que dobraram em 2020 em comparação com 2019: foram 96 casos em 2020 e 35 em 2019.
O órgão diz que o discurso do presidente Jair Bolsonaro “favorável à exploração predatória das terras indígenas e à mineração dentro destes territórios” e ações do governo federal vêm incentivando os ataques aos territórios indígenas.
Indígenas e aliados ameaçados
A seguir, a lista de indígenas e aliados que sofreram ameaças de morte em 2021, segundo a Comissão Pastoral da Terra (CPT):
- Manaus (AM) – Aldeia Tsetsu Davi/BR-174 – Data da ameaça: 05/12/2021 – Um cacique não identificado
- Paulo Afonso (BA) – Indígenas Truká Tupã – 14/10/2021 – Vice Cacique Adriano Rodrigues
- Paulo Afonso (BA) – Indígenas Truká Tupã – 14/10/2021 – Cacica Maria Erineide
- Una (BA) – Aldeia Cajueiro/Terra Indígena Tupinambá de Olivença – 01/08/2021 – Cacique Val
- Comodoro (MT) – Terra Indígena Kawahiva do Rio Pardo – 06/12/2021 – Funcionário público não identificado
- Aral Moreira (MS) – Acampamento Tekoha Guaiviry/MS-386 – 16/03/2021 – Três indígenas não identificados
- São Joaquim de Bicas (BA) – Mata do Japonês/Pataxó e Pataxó Hã-hã-hãe – 10/06/2021 – 20 indígenas Pataxó e Pataxó Hã-hã-hãe não identificados
- Jatobá (PE) – Comunidade Bem Querer de Baixo/Terra Indígena Pankararu – 31/12/2021 – Pajé Jaguriça ou Washington Tenório
- Jatobá (PE) Comunidade Bem Querer de Baixo/Terra Indígena Pankararu – 31/12/2021 – Cacica ValdenúziaTenório
- Jatobá (PE) – Comunidade Bem Querer de Baixo/Terra Indígena Pankararu – 31/12/2021 – Elúzia
- Cacoal (RO) – Terra Indígena Sete de Setembro – 08/12/2021 – Txai Suruí
- Mucajaí (RR) – Terra Indígena Yanomami/Apiauí/Papiu/Yawaripé – Três funcionários públicos não identificados
- Uiramutã (RR) – Terra Indígena Raposa Serra do Sol/Jawari/Brilho do Sol/S. Miguel/S. Mateus – 08/04/2021- Um indígena não identificado
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Nacional
Dom e Bruno: PF descarta envolvimento de suspeito que se entregou

A Polícia Federal informou nesta sexta-feira que não há indícios de que Gabriel Pereira Dantas, que se entregou voluntariamente à Polícia Civil de São Paulo na última quinta-feira , tenha envolvimento nos assassinatos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Philips. A informação é da Agência Brasil.
Ele afirmou ter participado das mortes e teve sua prisão temporária requerida pela Polícia Civil, mas a Justiça de Atalaia do Norte (AM), que está à frente do caso, indeferiu o pedido.
“Ainda na data de ontem, a referida pessoa foi encaminhada à sede da Polícia Federal em São Paulo para ser formalmente ouvida e prestar esclarecimentos sobre os fatos, mas optou por exercer seu direito constitucional de permanecer calado. Ele permanece em liberdade, tendo em vista que não há indícios de ter participado dos crimes ora em apuração, já que apresentou versão pouco crível e desconexa com os fatos até o momento apurados”, detalhou a PF, em nota à imprensa.
Gabriel Pereira Dantas, de 26 anos, contou que viu quando os executores atiraram nas vítimas e que os ajudou a jogar os pertences delas no rio.
Ele alegou ter pilotado o barco usado pelos suspeitos no crime. No fim da tarde de quinta-feira, ele havia sido transferido para o 77º Distrito Policial para a Polícia Federal.
Bruno e Dom viajaram para o Vale do Javari, entre as cidades de Atalaia do Norte e Guajará, na tríplice fronteira Brasil, Peru e Colômbia, quando desapareceram no dia 5 de junho. A área possui 8,5 milhões de hectares demarcados, sendo a segunda maior terra indígena do país – a primeira é a Yanomami, com 9,4 milhões de hectares.
Segundo a Polícia Federal, a dupla foi perseguida por pescadores ilegais e assassinados. As vítimas teriam sido mortas a tiros e os corpos, esquartejados e enterrados. Três homens foram presos por suspeita de participação no crime:
Dantas alegou à polícia que havia fugido do Amazonas e passado pelo estado do Pará e Mato Grosso, até finalmente chegar a São Paulo. Na nota, a PF afirma que as investigações do caso prosseguem.
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Ele afirmou ter participado das mortes e teve sua prisão temporária requerida pela Polícia Civil, mas a Justiça de Atalaia do Norte (AM), que está à frente do caso, indeferiu o pedido.
“Ainda na data de ontem, a referida pessoa foi encaminhada à sede da Polícia Federal em São Paulo para ser formalmente ouvida e prestar esclarecimentos sobre os fatos, mas optou por exercer seu direito constitucional de permanecer calado. Ele permanece em liberdade, tendo em vista que não há indícios de ter participado dos crimes ora em apuração, já que apresentou versão pouco crível e desconexa com os fatos até o momento apurados”, detalhou a PF, em nota à imprensa.
Gabriel Pereira Dantas, de 26 anos, contou que viu quando os executores atiraram nas vítimas e que os ajudou a jogar os pertences delas no rio.
Ele alegou ter pilotado o barco usado pelos suspeitos no crime. No fim da tarde de quinta-feira, ele havia sido transferido para o 77º Distrito Policial para a Polícia Federal.
Bruno e Dom viajaram para o Vale do Javari, entre as cidades de Atalaia do Norte e Guajará, na tríplice fronteira Brasil, Peru e Colômbia, quando desapareceram no dia 5 de junho. A área possui 8,5 milhões de hectares demarcados, sendo a segunda maior terra indígena do país – a primeira é a Yanomami, com 9,4 milhões de hectares.
Segundo a Polícia Federal, a dupla foi perseguida por pescadores ilegais e assassinados. As vítimas teriam sido mortas a tiros e os corpos, esquartejados e enterrados. Três homens foram presos por suspeita de participação no crime:
Dantas alegou à polícia que havia fugido do Amazonas e passado pelo estado do Pará e Mato Grosso, até finalmente chegar a São Paulo. Na nota, a PF afirma que as investigações do caso prosseguem.
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