Lula e comitiva estiveram no Japão e Vietnã por alguns dias. A base da visita é a tentativa de abrir mercado naqueles países para produtos brasileiros. Carne bovina esteve na cabeceira da pauta da comitiva. Assunto que interessa muito a Mato Grosso que é o maior produtor de carne bovina do país. A viagem do presidente à Ásia pode abrir novos mercados para a pecuária estadual.
O Japão compra mais carne da Austrália e EUA, não tanto do Brasil. O motivo é a sanidade, querem um produtor de alta qualidade. A qualidade da carne nacional, incluindo de MT, tem melhorado muito nos últimos anos. Tanto é verdade que agora em maio, o Brasil inteiro vai ser colocado como livre de febre aftosa.
O Japão não compra carne de um país que vacina seu plantel por causa de certas doenças. O Brasil agora pode ser lugar para eles comprarem carne bovina. Até acredito que a visita do presidente ao Japão já visava aquilo que vai acontecer em maio em que o país ficará no mesmo nível de qualquer outro no mundo na qualidade de sua carne bovina.
A exportação de carne pelo Brasil, ao longo do tempo, tem feito com que a qualidade do produto melhore e isso é bom para o consumidor brasileiro. Se não houvesse exigência do exterior pela qualidade da carne e livre de doenças, o Brasil teria a qualidade da carne que tem hoje? Ou ficaríamos como no passado?
Muitos devem lembrar como era abatido um bovino. Em qualquer lugar, tiravam o couro ali mesmo e a carne saia dali para os açougues que, convenhamos, não tinha, em sua maioria, nenhuma medida de higiene que o Brasil e o mundo pedem hoje. A exportação de carne acaba ajudando na saúde interna do povo brasileiro.
Criação de bois em MT sempre esteve na agenda estadual. Aqui, depois da queda da exploração do ouro, uma das bases da economia, naquele momento de isolamento quase total, foi a criação de gado.
Não custa nada mais uma vez a coluna voltar a esse assunto. MT é o maior produtor de carne bovina do país. Aqui é abatido algo como seis milhões de cabeças por ano. Ou seis milhões de couro. Cadê a indústria em torno disso? Praticamente zero. Será que, como aconteceu com a vinda das pessoas do sul, o estado precisaria receber outros milhares de migrantes para criar uma indústria nessa área? Não seria interessante que tivéssemos meios ou programa para atrair indústrias na área do couro para o estado? Um assunto desses não mereceria mais estudos, análises e apoios de todos os lados para atrair esse tipo de indústria?
Isso deveria entrar na pauta da eleição para governador no ano que vem. Não só para governador, mas para todos os níveis da disputa eleitoral e aparecer candidatos que defendessem isso e mostrassem como iria fazer, se eleito, para atrair indústrias para a área do couro.
Alfredo da Mota Menezes é professor, escritor e analista político.
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