A política é a atividade pela qual o cidadão exerce seus direitos e deveres em assuntos públicos, seja por meio da opinião, seja pelo voto.
O termo “política” tem origem grega, derivado de polis, que significa “cidade”. Na Grécia Antiga, a palavra designava as ações das cidades-estados voltadas à organização da convivência entre seus habitantes e à relação com outras cidades vizinhas.
Essa breve introdução tem como objetivo situar o leitor sobre as nuances que envolvem a prática política, uma atividade milenar e parte essencial da estrutura social ao longo dos séculos.
Atualmente, porém, a política conta com um novo e implacável aliado: as redes sociais. Nelas, nenhuma atitude, decisão ou comentário passa despercebido. Qualquer deslize, seja maldoso, ofensivo, calunioso ou desrespeitoso rapidamente se transforma em pauta nacional.
Com a prisão do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro (PL), parte da classe política e da população reagiu como se comemorasse uma final de Copa do Mundo.
Entretanto, o episódio que mais chamou atenção foi a postura do ministro Carlos Fávaro (PSD).
O ministro, em tom de deboche, reagiu à prisão do ex-presidente com gargalhadas e uma declaração infeliz:
“Ele descumpriu as regras do uso da tornozeleira, é inquestionável. Como consequência, se não sabe usar tornozeleira, tem que ficar preso”
Fávaro repetiu a frase às risadas, como quem saboreia uma vitória pessoal. O problema é que, na era digital, as redes sociais não perdoam, tudo fica registrado, podendo ser recuperado a qualquer momento.
Foi o que ocorreu quando reapareceu um vídeo de 2020, gravado durante a eleição suplementar ao Senado, no qual o mesmo ministro dizia:
“Comigo ninguém terá surpresas desagradáveis, nem você, nem o presidente Bolsonaro. Estou alinhado politicamente com o governo Bolsonaro e acredito nas mudanças que ele está promovendo no Brasil”.
Esse contraste expôs o que muitos chamam de contradição e oportunismo político. Em tempos de transparência digital, sustentar um discurso falso é tarefa quase impossível, a internet cobra coerência.
Na política, como em qualquer atividade profissional, deslizes acontecem. No entanto, a traição e o oportunismo explícitos são atitudes que até os próprios aliados condenam.
Afinal, quem age movido por conveniência acaba perdendo a credibilidade e o respeito, valores essenciais para quem se propõe a servir à vida pública.
Lício Antônio Malheiros, Professor, Jornalista, Articulista e Geógrafo