Conteúdo/ODOC - A arma utilizada pelo tenente Rennan Albuquerque de Melo, de 34 anos, na tentativa de homicídio contra um motorista de aplicativo, ocorrida na quinta-feira (19) no bairro Goiabeiras, em Cuiabá, ainda não foi encontrada pelas autoridades. Segundo a investigação, os disparos que atingiram a vítima e o veículo foram de calibre .380 e não se tratam de armamento institucional da Polícia Militar.
De acordo com o delegado Caio Albuquerque, responsável pelo caso, o militar estava afastado das funções e não possuía autorização para portar arma de fogo no momento do crime. “Tudo indica que não é uma arma oficial. Ele estava com o porte suspenso e não tinha autorização para portar arma de fogo. Não localizamos o armamento utilizado nos disparos”, afirmou.
O tenente foi preso na manhã deste sábado (27), em um condomínio na região do Ribeirão da Ponte, durante ação da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa, com apoio da corregedoria da Polícia Militar e da Força Tática. No local, três aparelhos celulares foram apreendidos e passarão por análise.
Em nota, a Polícia Militar confirmou que o oficial teve o porte de arma suspenso em janeiro deste ano e que já respondia a procedimento administrativo, estando submetido ao Conselho de Justificação. A corporação informou ainda que ele permanecia afastado das atividades operacionais.
O histórico disciplinar do militar inclui um episódio ocorrido em janeiro, quando ele foi flagrado por câmeras de segurança enforcando um adolescente de 15 anos dentro do condomínio onde mora, na região da avenida Antártica. Conforme o registro, o jovem foi abordado após o tenente desconfiar que seu carro havia sido riscado e exigir que o menor indicasse o suposto autor do dano.
A tentativa de homicídio investigada aconteceu após uma colisão de trânsito. A vítima, que dirigia um Nissan Versa, foi atingida na traseira por um Volkswagen Jetta. Após uma breve discussão, o condutor do Jetta desceu do veículo armado e efetuou vários disparos contra o carro do motorista de aplicativo.
Mesmo ferido, o motorista conseguiu correr e pedir ajuda na região antes de buscar atendimento médico. Ele foi encaminhado ao Hospital Municipal de Cuiabá com um ferimento na cabeça, que quase resultou em perfuração craniana, além de um tiro na coxa esquerda.
Segundo a Polícia Civil, parte da ação criminosa foi registrada em vídeo pela própria vítima, o que auxiliou na identificação do veículo. A partir da placa, os investigadores chegaram até a proprietária do carro, esposa do militar. Pouco tempo depois do crime, ela comunicou à polícia o suposto furto do veículo.
A investigação, no entanto, apontou que a comunicação foi falsa e teria sido usada para tentar afastar a responsabilidade do tenente. “Pelas imagens, fica claro que quem conduz o veículo após o crime é o próprio militar. Não houve furto”, explicou o delegado.
Câmeras de segurança também flagraram o carro em uma conveniência de posto de combustíveis, na avenida Dubai, logo após o registro do boletim de ocorrência. Em outro momento, a esposa do militar informou que o veículo havia sido localizado, alegando ainda que estava sem placas, o que levantou suspeita de adulteração de sinal identificador.
Diante dos fatos, além da tentativa de homicídio qualificado, o tenente também é investigado por falsa comunicação de crime e possíveis delitos relacionados à adulteração do veículo. Ele permanece preso e deve passar por audiência de custódia nas próximas horas.
Em nota, a Polícia Militar declarou que acompanha o caso por meio da Corregedoria-Geral e reiterou que não compactua com práticas criminosas por parte de seus integrantes.