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Opinião

ALFREDO DA MOTA MENEZES – Brasil e o exterior

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Diferentes fatos no momento na arena internacional estão sendo ofuscados por causa dos sacolejos de Brasília. Começo pela carta que mais de 20 governadores mandaram ao presidente dos EUA falando em produção agropecuária sustentável, efeito estufa, clima ou, em síntese, defesa do meio ambiente. Demonstram também interesse em recursos futuros a serem aplicados nessa ação.  Um apoio à agenda da atual presidência dos EUA.

Cutucado pelos governadores apareceu a carta do presidente Bolsonaro ao dos EUA com promessa de acabar com o desmatamento ilegal até 2030. Falou ainda nos futuros recursos internacionais sobre isso. Também os governadores da Amazônia Legal mandaram carta ao governo norte americano sobre meio ambiente. Brasília, aliás, não está conversando com os governadores sobre este ou outros temas.

Para mostrar esse distanciamento entre o governo brasileiro e o dos EUA, o governo norte-americano enviou emissário especial em visitas à Argentina, Uruguai e Colômbia. O país com o maior PIB, população e tamanho territorial da América Latina não esteve incluído no roteiro.

O governo Biden está ainda ajudando a Argentina até mesmo no combate a pandemia. Pode até mandar vacinas que sobrarem. Em nenhum momento se teve gesto nessa direção com o Brasil.

Pode ser um jogo, essa aproximação maior com os argentinos, para provocar ciúme no Brasil e fazer que o atual governo em Brasília repense sua politica para com o novo governo dos EUA.

Os norte-americanos talvez estejam explorando essa rivalidade regional entre brasileiros e argentinos para fazer com que o governo Bolsonaro retome o dialogo interrompido. Que existia com o governo Trump, agora não.

Uma oportunidade de observar um suposto novo Bolsonaro nessa área será na participação dele na conferência do clima agora dia 22 e 23 de abril. Seu discurso geraria confiança no parceiro ali de cima? Os fatos futuros dirão. O que não pode é o governo brasileiro isolar o país tanto na América do Sul como com os EUA.

Outro caso da arena internacional que chama a atenção é a interessante movimentação da China no Brasil e na América Latina. Para inicio de conversa peguemos o Ibrachina ou o Instituto Sociocultural Brasil-China, recentemente criado. Um modelo inteligente de aproximação em que mostram a China pelo lado cultural, cinema, literatura, turismo, politica interna, cotidiano.

Para competir com os EUA na região, que tem longa presença com o cinema, língua, esporte, música, os chineses agora tentam mostrar a China por esse lado também. Tem até um momento numa televisão no Brasil em que chineses, falando em bom português, apresentam notícias e fatos do cotidiano daquele país.

A China caminha para ser a maior potência econômica do mundo.  Chegando a lá, continuo a acreditar que esse modelo de governo poderia ser o caminho para outros países. Se deu certo ali, se tiraram milhões da pobreza, por que não copiar? Seria a primeira vez na história que a democracia liberal encontraria um real competidor.

Coisas acontecendo e Brasília vivendo só de fofocas diárias dos cercadinhos da vida.

Alfredo da Mota Menezes é analista político

 

 

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