Uma data representativa na vida de uma mulher. Aos 15 anos tive uma festa, dancei valsa com meu pai e celebrei com alegria com minha família.
No dia 20 de dezembro completarei 15 anos, agora de serviço público. Claro que foi uma realização, a satisfação de alcançar um emprego e a tão falada “estabilidade”.
Desta vez não quero comemorar, não consigo. São 15 anos na labuta do Sistema Penitenciário, como Profissional de Nível Superior. Neste ambiente tão desgastante e insalubre, onde rema-se contra a maré diariamente, onde se tenta encontrar algo em que possamos ancorar o que nos resta de esperança.
Se na juventude abria-se uma janela de oportunidades, aqui de alguma forma ela se fechou. Para ser mais clara, nesses 15 anos eu trabalho em uma sala sem janela.
No antigo ditado popular fala-se quando alguém vai para cadeia, que irá ver o sol nascer quadrado. Da minha sala, que acredito ter sido projetada para ser uma cela, eu não vejo o sol. Na verdade, não vejo sol, nem a chuva, nem nuvens, somente paredes sem janela.
A palavra janela se tornou uma palavra ainda mais poética para mim, mas aqui a rima é dura, é escura, não tem brisa. Os reflexos (não de sol, é claro) são visíveis na minha saúde, na ansiedade, na sensação de invisibilidade e impotência.
Este ano não vou comemorar, não vai ter valsa, não vou assoprar velas, mas talvez eu ainda faça um pedido. Quero de presente de 15 anos de serviço público um pouco de respeito e quem sabe uma janela.
Rejane Monge, Nutricionista