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Opinião

A greve mais justa da história

Publicado

SÉRGIO CINTRA (*)

“Como se pode comprar ou vender o céu, o calor da terra? Tal ideia é estranha. Nós não somos donos da pureza do ar ou do brilho da água. Como pode então comprá-los de nós? Decidimos apenas sobre as coisas do nosso tempo”. Esse é um trecho da carta enviada, em 1855, pelo  Cacique Seattle ao presidente dos Estados Unidos, Francis Pierce. Agora, 164 anos após as sábias palavras do Cacique Suquamish, uma menininha sueca, de apenas 15 anos, Greta Thunberg, fez, ano passado, um protesto solitário e diário, deixando de ir à escola, em favor do clima e pela redução da emissão de carbono. Ela não só conseguiu chamar a atenção para o problema em seu país mas também para a questão ambiental em boa parte do mundo: de 20 a 27 de setembro, teremos uma greve mundial pelo clima, aliás, organizada por jovens.

Contudo, eles não estão sós. De sindicatos a personalidades, passando por organizações não governamentais, espalhados pelos cinco continentes. Todos em busca de soluções sustentáveis para o desenvolvimento do planeta. Não se trata de direita ou de esquerda, ou de conservadores ou de liberais, ou, ainda, de ricos ou de pobres; porém, de qual Terra deixaremos para as gerações futuras, ou melhor, em que Gaya eles quererão viver. Se, ainda que parcialmente, omissos; se, deliberadamente, irresponsáveis, a juventude quer dar aos mais velhos a possibilidade da remissão e, para tanto, convoca-os, por meio do site https://pt.globalclimatestrike.net/ para cerrar fileiras em defesa de um mundo menos poluente e menos desigual. Espera-se, dos senhores do mundo, menos ganância e mais humanidade.

Por outro lado, há os que persistem em atitudes nocivas ao planeta. A indústria dos descartáveis plásticos que insiste em canudinhos e sacolas; governos e empresas que usam copos de plásticos e não possuem políticas de reúso e de reciclagem; a indústria automobilística responsável pela produção de milhões de veículos à base de combustíveis fósseis; o desmatamento irracional promovido pelo agronegócio; a indústria prospectora mineral personalizada, no Brasil, pela Vale que mata rios e pessoas; além disso, se não o mais importante, um modelo educacional que, intencionalmente, relega a educação ambiental e a sustentabilidade a planos ínfimos para que se prolifere a torpeza e a indiferença em relação à preservação de vida sustentável e plena.

Por fim, um grande silêncio, tanto intencional quanto simplório, assola essa premente questão climática. Apesar de pesquisas científicas e  de constatações óbvias do desastre ambiental, o silenciamento perdura e se sobrepõe às evidências aterradoras da hecatombe que se avizinha. Imagine um mundo totalmente cinza, todos usando máscaras, atolados em seus próprios dejetos, afogados em sua inerente ambição. Todavia, é possível sonhar com outro planeta e parte dos jovens do mundo está ligada a essa nova era, quem talvez, se inicie em setembro deste ano,  a partir de um sonhar ativo, participativo e altruísta far-se-á um mundo em que o canto dos pássaros valha mais e soe mais alto que o alarido das motosserras.

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Sérgio Cintra é professor de Redação e Linguagens em Cuiabá.

[email protected]

  

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