A tontura é um sintoma frequente em pacientes com disfunções vestibulares e pode impactar significativamente a qualidade de vida. Muitas vezes, ela vem acompanhada de vertigem, desequilíbrio e instabilidade postural, dificultando atividades cotidianas e aumentando o risco de quedas.
As causas da tontura podem ser variadas. Entre as mais comuns estão as disfunções vestibulares periféricas, como a Vertigem Posicional Paroxística Benigna (VPPB) e a Doença de Ménière. No entanto, há também condições de origem central, como distúrbios neurológicos e acidentes vasculares cerebrais. Diante desse cenário, a reabilitação vestibular, conduzida pelo fisioterapeuta especializado, é uma abordagem eficaz para reduzir os sintomas e melhorar a estabilidade postural.
O primeiro passo no tratamento é a avaliação detalhada do paciente. O fisioterapeuta investiga a frequência, duração e fatores desencadeantes da tontura, além de seu impacto funcional. Testes específicos, como o Teste de Dix-Hallpike para diagnóstico da VPPB, auxiliam na identificação da causa do problema. A análise do equilíbrio postural e da marcha também é fundamental para definir a abordagem terapêutica mais adequada.
Uma das estratégias mais utilizadas na reabilitação vestibular são as manobras de reposicionamento, indicadas especialmente para casos de VPPB. Técnicas como a Manobra de Epley e a de Semont ajudam a reposicionar os otólitos deslocados no labirinto vestibular, aliviando os episódios de vertigem de forma eficaz.
Além disso, os exercícios de adaptação vestibular desempenham um papel importante no tratamento. Eles estimulam o cérebro a compensar os déficits vestibulares, reduzindo a sensibilidade aos estímulos que causam tontura. Esses exercícios incluem movimentos oculares e de cabeça controlados, bem como atividades que desafiam o sistema de equilíbrio.
Outro aspecto essencial do tratamento é o treino de equilíbrio e propriocepção. O fisioterapeuta propõe exercícios em diferentes superfícies, com variações na base de apoio e mudanças de direção para fortalecer a estabilidade postural. Esse treino reduz o risco de quedas e melhora a confiança do paciente em sua mobilidade.
Para casos em que há perda vestibular irreversível, estratégias de substituição são aplicadas. O paciente aprende a utilizar informações visuais e proprioceptivas para compensar a falta de respostas vestibulares adequadas. Esse processo melhora a orientação espacial e a segurança durante a locomoção.
Os benefícios da reabilitação vestibular são significativos. Além de reduzir os episódios de tontura, o tratamento melhora a funcionalidade e proporciona maior independência ao paciente. A diminuição do medo de quedas também contribui para uma recuperação mais eficaz, já que a ansiedade pode intensificar os sintomas vestibulares.
A continuidade do tratamento e a adesão aos exercícios prescritos são essenciais para garantir a eficácia da reabilitação. Cada paciente responde de forma diferente ao processo, e o acompanhamento fisioterapêutico permite ajustes no plano terapêutico conforme necessário.
Dessa forma, a atuação do fisioterapeuta na reabilitação vestibular é indispensável para restaurar a qualidade de vida de pacientes com tontura e desequilíbrio. Com um tratamento personalizado e baseado em evidências científicas, é possível proporcionar mais segurança, estabilidade e bem-estar ao paciente.
Heloíse de Queiroz é fisioterapeuta no Instituto Lombardi, especialista em atendimento de otoneurologia e gerontologia