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Opinião

ONOFRE RIBEIRO – Diretas-Já, pouca memória

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Na semana passada reuniu-se em Cuiabá um pequeno grupo de pessoas com a intenção de preparar uma exposição de fotos, documentos e objetos relacionados aos 40 anos da emenda das diretas-Já. A emenda foi apresentada no Congresso Nacional no final de 1983.

Foi votada em 25 de abril de 1984. Teve 298 votos a favor, 65 votos contra, 113 ausências e 3 abstenções, e foi derrotada. A Emenda das Diretas-Já, foi um dos eventos políticos mais importantes do século 20. Marcou definitivamente o começo do fim do regime militar iniciado em 1964, que terminaria em 1985.

Ressalto dois eventos em Mato Grosso de alta magnitude no século 20: a divisão do Estado em 1979, e as Diretas-Já. Porém, lembro que pela primeira vez Mato Grosso teve a participação de mudar a política nacional com o movimento das Diretas-Já. Mobilizou todo o país e colocou a sociedade em alerta para a necessidade de finalizar o regime militar.

O grupo que se reuniu na semana passada esbarrou numa série de dificuldades relacionadas à exposição. Já existe o Instituto Dante de Oliveira, responsável pelo acervo de Dante de Oliveira. Aqui entra a grande discussão. Guardado em condições inadequadas de preservação e organização, põe em risco a memória.

Está faltando digitalizar milhares de documentos da história pública e política de Dante de Oliveira pra uma preservação definitiva e segura. Falta digitalizar centenas de fitas de vídeo e milhares de fotografias. O custo financeiro é relativamente baixo, considerando o peso histórico de Dante de Oliveira, da época em que atuou politicamente e das transformações que trouxe pra Mato Grosso como prefeito de Cuiabá, como deputado federal e como governador de Mato Grosso em dois mandatos.

Seria uma perda lamentável que o futuro não iria nos perdoar se esse arquivo não for para o lugar onde deve estar: na História de Mato Grosso. Contra, pesam a burocracia pública e a insensibilidade da economia privada. E a pouca organização civil. Grande parte das mudanças econômicas que transformaram Mato Grosso vieram das políticas de incentivos fiscais pra produzir o desenvolvimento atual do agronegócio e de empresas de outros setores.

Não sugiro particularmente quem deveria ter olhar de responsabilidade histórica sobre a memória da Emenda das Diretas-Já aqui em Mato Grosso. Não posso deixar de imaginar como esse patrimônio histórico seria tratado se estivesse em Minas Gerais, em São Paulo ou no Rio Grande do Sul. Aqui em Mato Grosso está perdido dentro de caixas de papelão…!.

Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso.  [email protected] jornalista.onofreribeiro/instagram

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