Ex-secretário estadual de Fazenda, Éder Moraes: "essa crise, em qualquer outro Governo, já teria gerada uma intervenção"
Foto de ODOC/Arquivo

O ex-secretário estadual de Fazenda, Éder Moraes, em entrevista a TV Cuiabá (HDTV), nesta terça-feira (12), alertou que o atual Governo “engoliu” uma folha de pagamento dos mais de 100 mil servidores públicos da ativa, pensionistas e aposentados. “Chega de camuflar isso. Vai explodir uma hora”, referiu-se as frágeis finanças públicas de Mato Grosso.

Para Éder Moraes, caso a secretaria de Fazenda (Sefaz) não adote nova postura frente a arrecadação estadual, o pagamento do funcionalismo estara seriamente ameaçado num curto espaço de tempo. “Os salários estão correndo risco desde o momento que o estado passou a data de pagamento para o 10º dia do mês. Qual foi a grande jogada disso que a sociedade não se apercebeu? Quando você desloca o salário do último dia do mês para o quinto dia útil do mês subsequente, praticamente você jogou uma folha de pagamento para o mês seguinte, engolindo uma folha inteira do funcionalismo”, explicou.

Malabarismo

Moraes reafirmou que nas gestões passadas, a Sefaz criou datas específicas para pagamentos de fornecedores, salários e investimentos. “Quando eu estava secretário de Fazenda, nós trabalhávamos 10 dias de arrecadação pra fazer todo custeio, incluindo a folha. E nós tínhamos de 20 a 23 dias para fazermos os investimentos. Hoje essa lógica inverteu, onde você trabalha 30 dias e não consegue pagar a folha. Então algo de gestão está muito errado e precisa ser estudado, com urgência”, sugeriu.

Impagável

Segundo o ex-secretário, o Tesouro deve cerca de R$ 500 milhões aos poderes constituídos e, sem receita nova, será praticamente impossível quitar esta dívida nos próximos anos. “Isso fatalmente em qualquer outro Governo, já teria gerado uma intervenção no estado. Mas o atual governador (Pedro Taques) é bem articulado, e ele está conseguindo se manter dessa forma no cargo”, avaliou.

Ainda de acordo com Éder, a atual administração tenta esconder o real déficit público, hoje beirando a casa dos R$ 3 bilhões. “Eu quero lembrar que quando deixei a secretaria de Fazenda, Mato Grosso tinha grau de investimento. Os balanços do estado foram auditados por três empresas internacionais e deram grau de investimento como um balanço do setor privado. O estado estava redondinho, absolutamente em dia. Depois fizeram essa bagunça que esta aí”, asseverou.

Investimento

Por fim, o ex-titular da Sefaz sugeriu que o estado transforme o Fundo Estadual de Transporte e Habitação (Fethab) numa espécie de autarquia pública, com capacidade para angariar recursos internacionais a juros baixos e prazos de 30 anos para quitação do valor principal. “A ideia é dar um CNPJ ou personalidade jurídica própria para o Fethab, onde você poderia buscar R$ 5 bilhões que deverão ser aplicados exclusivamente na infra-estrutura”, finalizou.

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